Yoshio Ide, o popular Thió, foi tesoureiro, secretário, enfim, uma faz-tudo na ARUC. Tinha o respeito de todos os componentes e comandava o bar com competência. Em meados da década de 70 a ARUC promovia o Torneio Aberto de Futsal que chegava a ter 100 times do DF e do Entorno. Em um domingo a tarde, após o último jogo, estávamos preparando a tabela das próximas rodadas e Thió estava em um barzinho próximo à ARUC aguardando acabar a reunião para emitir o boletim dos jogos para em seguida levarmos aos jornais. Eis que somos pegos de surpresa quando Seu Jorge, diretor de harmonia na época, chega ofegante e passando mal dizendo que Thió tinha sido seqüestrado.
Saímos então à procura nos quartéis, delegacias e Polícia Federal. Demorou a descobrirmos o que tinha acontecido. Thió fora seqüestrado covardemente por agentes da repressão e além de ser agredido, simplesmente por que foi simpatizante de um partido de esquerda, ficou nos porões da ditadura no Rio e em Brasília durante muito tempo, sendo torturado pelos monstros do regime. Perdeu o emprego e nada ficou provado contra ele. Conseguiu voltar depois de muitos anos ao nosso convívio e foi reintegrado à gráfica do Senado. Atuou por mais algum tempo na ARUC e retornou ao Rio de Janeiro onde reside até hoje.
Mesmo depois de muito sofrimento, Thió conseguia manter a calma e era sempre consultado por todos os presidentes que passaram pela ARUC. Era meu amigo pessoal, além de ser um confidente, sabia ouvir e sempre tinha um encaminhamento para solucionar os problemas que a vida nos apresenta. Foi uma lição para todos nós que convivemos com ele. Deixou um grande legado para nossa entidade que foi a correção com que tratou as questões administrativas e financeiras, sendo um exemplo de humildade.
Helio dos Santos, com colaboração de Rafael Fernandes
Minhas histórias na ARUC
Minhas histórias na ARUC
Nenhum comentário:
Postar um comentário