Conheci Roberto nos anos 60 logo que cheguei a Brasília. A exemplo dos meus pais, os pais de Roberto foram transferidos do Rio de Janeiro para Brasília e na época o Cruzeiro era uma cidade pequena e onde todos se conheciam. Ele dava aula de reforço escolar e em curso Madureza (atual EJA) onde era procurado por todos para tirar dúvidas, recuperação e para ajudar nas atividades escolares. Uma figura muito simpática e com facilidade muito grande para fazer amigos.
Em 1965 eu começaria a estudar no Ginásio e tinha uma preocupação muito grande com as atividades físicas porque os amigos elogiavam muito o professor João de Oliveira e quem se destacava conseguia prestígio no colégio. Então eu ia para a quadra da ARUC treinar basquete, uma modalidade que eu tinha pouco conhecimento. Certa ocasião, passando pela quadra, o Roberto me viu treinando sozinho e parou para me ensinar os fundamentos do basquete. Quando começaram as aulas, diante de mais de duzentos alunos, o professor João me selecionou para fazer parte da equipe, uma vez que eu havia tido um bom desempenho na parte de iniciação. A partir dali passei a ser um grande admirador do Roberto e criamos um laço de amizade até o seu falecimento.
Em 1979 apresentei ao Roberto uma sugestão de enredo contando a história de Iemanjá. Levei um material que eu tinha e o Roberto gostou muito e ficou de estudar. Dias depois me chamou na sua casa e comunicou que tinha gostado do tema e então demos o nome do enredo: “Iemanjá, um poema de amor”. Foi a minha primeira e única participação na montagem de um enredo na ARUC.
Mal sabia eu o que viria pela frente. À medida que o enredo foi se desenvolvendo, éramos procurados por pessoas pedindo para colocar no histórico e até no desenvolvimento do enredo, o seu segmento, o que levou a mim e ao Roberto quase à loucura, porque o enredo nunca fechava. Enfim, acabei inocentemente envolvendo o Roberto em uma grande furada. O pior ainda estava por vir.
Apesar dos problemas, apresentamos um carnaval muito bonito. Só que uma história, que até hoje, ninguém sabe explicar, surgiu no meio disso tudo. Esqueceram de levar a bandeira para o desfile. Em um quesito onde a menor nota era um, o jurado resolveu dar zero, pois se tivéssemos tirado a nota mínima, no desempate com a bateria, teríamos ganhado o carnaval.
Com o Roberto aprendi muita coisa e a principal delas é fazer o carnaval com planejamento e jamais gastar mais do que se recebe. Isso se estendeu até em minha vida pessoal. Nos anos em que fui presidente, o Roberto entregava a prestação de contas antes do desfile, sempre restando um saldo e ele avisava que o melhor que podia ser feito ele fez e que caberia aos jurados o julgamento final. E sempre dava ARUC na cabeça, provando que para um carnaval vitorioso não se precisa acumular dívidas.
Helio dos Santos, com colaboração de Rafael Fernandes
Minhas histórias na ARUC
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