segunda-feira, 20 de abril de 2015

As primeiras Brasílias

Coluna Fora do Plano, de Conceição Freitas (Correio Braziliense, 20/04/2015)
As primeiras Brasílias 

Quando Brasília foi inaugurada, a 21 de abril de 1960, ela não estava sozinha. Nem era a primeira cidade do quadradinho. Já existiam seis cidades constituídas — uma delas, Planaltina, com 170 anos. Com Brazlândia, um aglomerado urbano com mais de duas décadas de existência, formavam a pré-história da nova capital. 

Além dessas duas, já havia quatro ocupações que mais tarde viriam a se chamar cidades-satélites: Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Taguatinga e Cruzeiro. As duas primeiras nasceram para servir à construção de Brasília. A penúltima, para abrigar operários; a última, servidores públicos de baixo escalão.

Um ano antes de a nova capital ser transferida do Rio de Janeiro para o Planalto Central, 64 mil almas habitavam o quadradinho, das quais 34 mil viviam no Plano Piloto ainda em construção, muitas delas nas habitações da Fundação da Casa Popular, na W3 Sul. Planaltina tinha, em maio de 1959, 2.247 habitantes. E o Núcleo Bandeirante, 11 mil moradores. 

O Censo Experimental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não computou o número de moradores de Brazlândia, de Taguatinga e da Candanga. Juntou todos num mesmo balaio, a que deu o nome de “outras áreas”. Moravam nelas 16 mil pessoas.

 Quando Brasília foi inaugurada, ela já existia.
Cruzeiro - 30 de novembro de 1959

Brazlândia - 5 de junho de 1933

Candangolândia - 3 de novembro de 1956


Núcleo Bandeirante - 19 de dezembro de 1956

Planaltina - 18 de agosto de 1859

Taguatinga - 5 de junho de 1958

Samba campeão

Do Correio Braziliense, 20 de abril de 2015.

Maior campeã do carnaval de Brasília e detentora do título de patrimônio imaterial e cultural do Distrito Federal, a Aruc entra no clima de comemoração dos 55 anos da capital. Hoje, às 22h, a escola promove o Sambão do Aniversário em sua sede no Cruzeiro Velho. Entre as atrações da festa-show estão a cantora Dhi Ribeiro, os cantores Bira Cidade e Fabinho Samba e o grupo Kanella de Cobra, além da bateria da agremiação. Os ingressos custam R$ 20 (homem) e R$ 10 (mulher). Não recomendado para menores de 18 anos. Informações: 3361-1649. (Irlam Rocha Lima).

sábado, 11 de abril de 2015

20 ANOS DE ESPORTES EM BRASÍLIA

Texto da década de 80 do jornalista Gustavo Mariani do Jornal de Brasília.

FUTEBOL DE SALÃO
Teatro Nacional. Abrem-se as cortinas e começa a partida de futebol de salão. Se nos inícios de Brasília o TN servia para tudo, porque também não para o esporte? Coberto mesmo só o ginásio do Colégio do Santo Antônio e, principalmente, se chovesse, já viu! O jogo seria lá. Era qualquer esporte.
Foi em 63. Disputava-se um torneio entre Comenta (Maranhão), Motonáutica, Unidade e a seleção Brasiliense (Campeã) comemorando-se a criação da federação Brasiliense da modalidade. Mas depois disso nunca mais falou-se em Federação e o que se viu foram os jogos locais e torneios contra equipes de Araguari, Uberaba, Uberlândia, Anápolis, Goiânia e vizinhanças. E terrível era o que acontecia nas primeiras disputas. A lambreta chegava com cinco rapazes apressados. Não se sabia como vinham de Taguatinga. Só se sabia que achavam que o táxi era mais lento e nele mesmo só a retaguarda. As outras equipe compreendiam o esforço do time da CIT e aceitavam qualquer atraso. Por isso nunca perderam de W x O.
O salonismo no DF também nasceu ligado às construtoras, pois além de uma quadra particular no Núcleo Bandeirante eram na Ecisa, EBE, Força e Luz, Construtora Nacional, etc, que haviam peladas e torneios. Proliferando as equipes, o CR Guará venceu logo um torneio (61) promovido pelo FDB e até uma Seleção Brasiliense foi formada para ir ao Brasileiro em BH. A equipe não foi bem, mas marcou pela disciplina. Em 62, Motonáutica e Funcionários (Náutico) construíram suas quadras e os torneios entre clubes, times de quadras e construtoras não pararam mais. Em 63, o jornalista Nilson Nelson promoveu um torneio com 68 equipes e haviam times da marinha, Guarda Especial de Brasília, Av. W3, enfim, de todos os cantos do DF.
No 2º aniversário de Brasília viriam o Grajaú Tênis Clube, Minas Tênis Clube, e Jockey Clube de Goiânia e a Seleção Brasiliense ganharia seu primeiro título, mas entusiasmou-se tanto que depois trouxe o Vila Isabel de Aécio, Giza, Serginho, Djalma Santos, etc. e levou de seis. Renatinho, Edimo, Kleber, Amaral, Azulinho, Luís Roberto, Paulo Roberto Rodrigues da Cunha, Beto, Beto Petri e os irmãos Spozel foram os das primeiras seleções. Renatinho, em um torneio em Caratinga (MG), jogava contra os Silvers Boys. Há uns 30 segundos do final houve um chute cruzado pela direita e a bola ia para sua gaveta esquerda. O Náutico vencia por 3x2 e a bola já havia passado por ele. Voou para trás, enroscou-se com a bola e saiu rolando como um tatu. A torcida invadiu a quadra e o carregou pelas ruas da cidade.
Inicialmente, o Guará era o mais organizado, mas a rivalidade era Náutico x Motonáutica, passando em 64 para Náutico x Universitários. Em 66, o Grêmio Esportivo Brasiliense passou a disputar, surgiram o Volante (Ascade), Minas-Brasília, CSU e a rivalidade Motonáutica x CUB levou o Presidente da FDB, Hugo Mosca, a convidar Alfredo Guedes para organizar um departamento para o salonismo (66). Pretensão justa, afinal o Motonáutica (65) havia disputado os Jogos Abertos de São Lourenço (MG) e foi 4º colocado enfrentando Vila Isabel e os melhores de BH. Criado o departamento, fez-se um torneio de aferição. Motonáutica, Volante, RCG, Unidade, Cruzeiro, Náutico, CIT, Área Alfa pediram inscrição e em 66 mesmo disputou-se o 1º campeonato oficial do DF, vencido pelo Motonáutica, que também venceu o Torneio Início. Estes primeiros campeonatos foram disputados apenas com licença da CBD, pois os clubes não tinham alvará de funcionamento.
Em 67 o Motonáutica voltou a ser campeão e os atletas que jogavam pela FAUnB entraram como Clube da Universidade de Brasília, que ainda teve o Clube dos Servidores da Universidade a lhe representar também. A situação financeira do departamento era tão boa que ele já estava sustentando a FDB. Com isso, Sesi/Paranoá, Área Alfa, Cruzeiro, Grêmio, Motonáutica, CUB, CSU, Unidade e Ascade (Ex-Volante) criaram a Federação Brasiliense de Salonismo, a Febrasa, cujo símbolo era o Brasinha, e elegeram Alfredo Guedes como presidente provisório. Mas a Febrasa não vingaria. Em 69 surgiria a Federação Brasiliense de Futebol de Salão.
A projeção nacional começou em 65 quando a FAUnB foi 5ª nos JUBs com uma equipe que fez muito sucesso no país inteiro. Valtinho, Axel, Guairaca, Otávio e Arnaldo, seguramente, foi o maior time da história do salonismo candango, mas a FAUnB também contou com grandes nomes como Alcides, Paulinho, Braga, Sugai, Hermínio, Zé Carlos, Ferro, Troncoso e Nilson. Para se ter uma ideia, a FAUnB foi 3ª nos JUBs-66; 2ª nos JUBs-68; 3ª nos JUBs-69/70; venceu um quadrangular de seleções universitárias no Maranhão (67); venceu o torneio de 25 anos da FUGE contra os grandes do RS e até a Seleção Uruguaia; Foi 2º nos Jogos Abertos de São Lourenço derrotando o América (campeão mineiro) por 9x2 e o Arsenal (Vice) por 2x1, enquanto o Vila Isabel que era o melhor do país era campeão, e venceu o torneio de aniversário da FUPE (71), que era a campeã universitária brasileira de salonismo.
Quando os atletas da FAUnB se filiaram à FBFS foi com o nome de CUB e por ele venceram os campeonatos de 68/69, e foram 3º na Taça Brasil de 69. Em 70, quando deixaram a UnB, ingressaram no Minas Brasília e foram campeões ainda em 70/1/2. Em 73 o Minas também foi campeão e na Taça Brasil (DF) foi 3º, mas já não foi com a geração fabulosa. Os demais campeões candangos foram Náutico/74; Ascade/75; Minas/76; Iate/77/78/79.
Após as 73 os candangos não mais passaram pelos Zonais do Brasileiro e há quem diga que isso deve-se ao pequeno intercâmbio. Vez ou outra os candangos estão ganhando dos goianos, mas contra os outros estados o contato tem sido mínimo. O quadro intercambial é este: 66 – Cruzeiro e Atlético disputam os Jogos Abertos de Brasília e o CUB vence após um W x O no Cruzeiro; 67 – Caubi, Betão, Beto Preti, Arnaldo e Paulinho formam na Seleção Brasiliense que perde de 5x3 para o Vila Isabel; 69 – Voltam os Jogos Abertos de Brasília e novamente o CUB é campeão diante do Sumov/CE, Atlético, Cruzeiro e América/MG; 71 – Fla e Flu vêm do RJ para um torneio e o Minas é campeão goleando o Flu por 5x1; 73/4 – Torneio Brasília-Rio, ambos vencidos pelo Grajaú; 73 – Palmeiras (Bicampeão Sul-Americano); Corintians (Bicampeão Paulista); Sumov (Vice-campeão Sul-Americano); Grajaú (Campeão Carioca) e Minas disputam um torneio e o Minas é campeão vencendo o Grajaú por 1x0. Mas a grande vitória do salonismo candango foi a vitória de 1x0 do Minas (71) sobre o Palmeiras de Aécio, Serginho, Luis Antônio, Soragi, etc; 73 – o Minas enfrenta a Seleção Brasileira (Bicampeã sul-americana) e após estar vencendo de 2x0 cede o empate; 79 -  comemora-se a criação da confederação e o Huracan de Sete Lagos vence o torneio com a Seleção Brasiliense 2ª; Municipal/RJ 3ª e Seleção Goiana 4ª colocada.
Os campeonatos juvenis começaram em 75 com a Ascade vencendo. Seguiram vencendo Sesi/76 e AABB/77/78/79 enquanto em 79 veio o Campeonato Infantil com o 204 Sul campeão e o Veteranos com o Carioca. Em 74 surgiu uma nova safra com Marcus Vinicius, Fitinha, Lula, Zequinha, Redi, Zé Mauro, e Galdino e em 75 a FBS iniciou a Copa Tenente Waldemar, cujos campeões foram Minas, Ascade e Minas.
Hoje, proliferam os torneios não-oficiais, mas o destaque fica com os abertos da ARUC, o que já vem despertando a atenção da FBFS para levar essas equipes a se filiarem.

Feijoada do Gavião