Orgulhosos e
cientes da responsabilidade de representar suas escolas de samba, os
casais de porta-bandeira e mestre-sala do Grupo Especial estão prontos
para entrar no Ceilambódromo
Por Roberta Machado, do Correio Braziliense, 19/02/2012.
O auge do carnaval no Ceilambódromo será nesta terça-feira, com os
desfiles do Grupo Especial. A partir das 19h30, as seis escolas mais
consagradas da cidade vão apresentar temas que variam da arte ao
folclore. Representando essas agremiações, estarão os casais que
empunham o estandarte e que precisam desfilar com graça e harmonia em
meio a centenas de integrantes. Com histórias variadas, essas duplas
lançam mão de garra e beleza para defender as cores de cada escola.
José e Elizete bailavam juntos em uma companhia de dança de salão desde 1997. Da gafieira para os desfiles de carnaval foi um passo e, logo, os dois se aprimoraram na nova modalidade.“O movimento do mestre-sala e da porta-bandeira não permite a desenvoltura da dança de salão. Tivemos de viajar para o Rio de Janeiro, onde buscamos as características do fiel bailado com o Mestre Dionísio”, conta o professor José Alves, 29 anos. Com a auxiliar administrativa Elizete Santos, 32, ele defende o estandarte da Mocidade do Gama há 13 anos.
A porta-bandeira teve de se acostumar com as roupas pomposas e com o peso do estandarte, mas garante que, hoje, as rodadas limpas na passarela fluem naturalmente. “Tenho a impressão de estar voando. Me sinto mais livre. E quanto mais pesada a bandeira, maior o impulso”, avalia Elizete. Este ano, o casal interpreta o tema Rituais Caiapó — o real que não é visto, sobre a miscigenação e o folclore amazônicos.
Outra agremiação que deve encher de cores a passarela do samba é a Aruc: a escola do Cruzeiro representará a obra do artista plástico paulista Cândido Portinari, cuja morte completa 50 anos. O tema será defendido por dois integrantes que usam as cores do grupo desde a infância. Walter Xavier, 38 anos, começou na Aruc aos 10. Depois de 15 anos desfilando na bateria, o servidor público foi chamado para o casal de destaque. Desde 2005, ele divide a posição com Crystianne Lustosa, 30, que começou na escola ainda na ala das crianças, aos 8 anos. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, a brasiliense tem sotaque carioca e não sabe mais diferenciar a quadra da Aruc da própria casa. “Meu pai é diretor dos casais, minha irmã é coreógrafa e minha filha desfila na ala das crianças. O sangue na minha casa é azul e branco”, brinca a professora de dança de salão.
Por acasoAlguns performistas também estão há anos na mesma agremiação, mas admitem que ganharam o cargo de prestígio por acaso. É o caso de Pricyla Barcleos, 26 anos, porta-bandeira da Bola Preta, de Sobradinho, e Cristiano Olivio Silva, 30, seu antigo mestre-sala. Os dois tiveram de assumir a posição depois que o casal responsável deixou a escola 15 dias antes do desfile. Ela era a secretária da escola; ele, o intérprete. “Caí de paraquedas aqui. Mesmo tendo habilidade, eu não tinha técnica. Fui improvisando”, recorda Pricyla. Este ano, ela vai representar a imperatriz chinesa ao lado do autônomo Evaldo Luiz Cognasc, 40 anos. Ele foi convocado graças à experiência de 15 anos desfilando pela Aruc.
O ex-parceiro da jovem, Cristiano, migrou para a Acadêmicos da Asa Norte. “Quando estou na quadra, não vejo ninguém. Somos só eu e a parceira dançando”, descreve. Ele e Taís Campelo, 21 anos, receberam aulas de professores cariocas para representar a história da Universidade de Brasília (UnB).
ExperiênciaApesar de ser mais jovem que o companheiro de passarela, a experiência de Taís na função é maior. Ainda com 13 anos, ela se aproveitou do 1,68 metro de altura para preencher a vaga de destaque do primeiro pavilhão da Acadêmicos da Asa Norte e, desde então, ocupa a posição. “Eu nem sabia direito o que era, mas tinha uma prima que me ensinou”, conta. Depois de dançar com familiares e outros sambistas, Taís diz estar muito satisfeita com a mais recente parceria e garante: os dois vão brilhar este ano. “A fantasia é muito bonita e grande. Não posso falar muito, mas vamos arrebentar.”
Algumas escolas vão contar com a experiência dos carnavais carioca e paulista. Enquanto a Águia Imperial de Ceilândia vai importar passistas do Rio de Janeiro para contar a história dos 90 anos de modernismo brasileiro, a Capela Imperial de Taguatinga terá um casal vindo de São Paulo. Janny Moreno, 33 anos, desfila no domingo o enredo de Xica da Silva pela Nenê de Vila Matilde antes de voar para a capital federal e homenagear um ícone da música brasileira: Elis Regina. “Ficar indo e voltando cansa um pouco, mas vale a pena. Como é algo de que gosto, faço com prazer.”
José e Elizete bailavam juntos em uma companhia de dança de salão desde 1997. Da gafieira para os desfiles de carnaval foi um passo e, logo, os dois se aprimoraram na nova modalidade.“O movimento do mestre-sala e da porta-bandeira não permite a desenvoltura da dança de salão. Tivemos de viajar para o Rio de Janeiro, onde buscamos as características do fiel bailado com o Mestre Dionísio”, conta o professor José Alves, 29 anos. Com a auxiliar administrativa Elizete Santos, 32, ele defende o estandarte da Mocidade do Gama há 13 anos.
A porta-bandeira teve de se acostumar com as roupas pomposas e com o peso do estandarte, mas garante que, hoje, as rodadas limpas na passarela fluem naturalmente. “Tenho a impressão de estar voando. Me sinto mais livre. E quanto mais pesada a bandeira, maior o impulso”, avalia Elizete. Este ano, o casal interpreta o tema Rituais Caiapó — o real que não é visto, sobre a miscigenação e o folclore amazônicos.
Outra agremiação que deve encher de cores a passarela do samba é a Aruc: a escola do Cruzeiro representará a obra do artista plástico paulista Cândido Portinari, cuja morte completa 50 anos. O tema será defendido por dois integrantes que usam as cores do grupo desde a infância. Walter Xavier, 38 anos, começou na Aruc aos 10. Depois de 15 anos desfilando na bateria, o servidor público foi chamado para o casal de destaque. Desde 2005, ele divide a posição com Crystianne Lustosa, 30, que começou na escola ainda na ala das crianças, aos 8 anos. Apaixonada pelo Rio de Janeiro, a brasiliense tem sotaque carioca e não sabe mais diferenciar a quadra da Aruc da própria casa. “Meu pai é diretor dos casais, minha irmã é coreógrafa e minha filha desfila na ala das crianças. O sangue na minha casa é azul e branco”, brinca a professora de dança de salão.
Por acasoAlguns performistas também estão há anos na mesma agremiação, mas admitem que ganharam o cargo de prestígio por acaso. É o caso de Pricyla Barcleos, 26 anos, porta-bandeira da Bola Preta, de Sobradinho, e Cristiano Olivio Silva, 30, seu antigo mestre-sala. Os dois tiveram de assumir a posição depois que o casal responsável deixou a escola 15 dias antes do desfile. Ela era a secretária da escola; ele, o intérprete. “Caí de paraquedas aqui. Mesmo tendo habilidade, eu não tinha técnica. Fui improvisando”, recorda Pricyla. Este ano, ela vai representar a imperatriz chinesa ao lado do autônomo Evaldo Luiz Cognasc, 40 anos. Ele foi convocado graças à experiência de 15 anos desfilando pela Aruc.
O ex-parceiro da jovem, Cristiano, migrou para a Acadêmicos da Asa Norte. “Quando estou na quadra, não vejo ninguém. Somos só eu e a parceira dançando”, descreve. Ele e Taís Campelo, 21 anos, receberam aulas de professores cariocas para representar a história da Universidade de Brasília (UnB).
ExperiênciaApesar de ser mais jovem que o companheiro de passarela, a experiência de Taís na função é maior. Ainda com 13 anos, ela se aproveitou do 1,68 metro de altura para preencher a vaga de destaque do primeiro pavilhão da Acadêmicos da Asa Norte e, desde então, ocupa a posição. “Eu nem sabia direito o que era, mas tinha uma prima que me ensinou”, conta. Depois de dançar com familiares e outros sambistas, Taís diz estar muito satisfeita com a mais recente parceria e garante: os dois vão brilhar este ano. “A fantasia é muito bonita e grande. Não posso falar muito, mas vamos arrebentar.”
Algumas escolas vão contar com a experiência dos carnavais carioca e paulista. Enquanto a Águia Imperial de Ceilândia vai importar passistas do Rio de Janeiro para contar a história dos 90 anos de modernismo brasileiro, a Capela Imperial de Taguatinga terá um casal vindo de São Paulo. Janny Moreno, 33 anos, desfila no domingo o enredo de Xica da Silva pela Nenê de Vila Matilde antes de voar para a capital federal e homenagear um ícone da música brasileira: Elis Regina. “Ficar indo e voltando cansa um pouco, mas vale a pena. Como é algo de que gosto, faço com prazer.”
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