Coluna 360 Graus
por Jane Godoy
com Sophia Wainer.
Correio Braziliense de 07/10/2012.
As Escolas de Samba são verdadeiras heroinas todos os anos na batalha para apresentação de um carnaval decente e bonito em Brasília
O assunto é: escolas de samba
Os leitores podem achar que ainda é cedo para a abordagem desse assunto, já que estamos meio distantes até mesmo do Natal e do ano-novo. Concordo.
Mas todos haverão de convir que o tempo voa, que quando nos damos conta estamos em cima do carnaval e, para angústia e apreensão dos encarregados da organização do evento, as providências que deveriam ter sido tomadas há três ou mais meses — o ideal seria até seis meses —, tornam-se motivo de estresse, de desavenças, de pressões e de frustrações, afetando aquela festa tão alegre e bonita, que os brasilienses têm conseguido realizar muitas vezes “a duras penas”, por puro idealismo e vontade de inserir Brasília no calendário carnavalesco brasileiro.
Para exemplificar tamanha preocupação com o futuro do carnaval, peço licença aos leitores para transcrever um “lamento” da diretoria da Escola de Samba Acadêmicos da Asa Norte, que, já um tanto aflita, enviou-nos esse desabafo, que divido com os leitores, na esperança de, juntos, formamos uma corrente positiva e cheia de esperança para que a última hora fique bem longe do nosso carnaval.
“Toda manifestação de cultura é importante, pois vem do e ao encontro do povo.
Sem falsa modéstia, a cultura da escola de samba é a mais popular e importante; dela e para ela nasceram os grandes e sempre lembrados artistas populares, que não iremos declinar, por pura falta de espaço neste ‘lamento’.
As escolas de samba, no preparativo para o desfile — que começa muito antes —, mobilizam diversas manifestações da cultura popular. Essas manifestações estão presentes no samba, repita-se, a maior manifestação popular, sendo aquela que nos representa interna e externamente; nas artes cênicas — fantasias e carros alegóricos; na dança, com as evoluções do mestre-sala e da porta-bandeira, com os seus componentes, os seus passistas e as suas baianas. A música, o samba-enredo, que nas escolas chamamos de hino.
Lá se vai mais um ano — estamos a cinco meses do carnaval — e o descaso das autoridades com o tema é recorrente. Ainda não sabemos o local do desfile, o valor da subvenção. O que é lamentável e desrespeitoso com a maior manifestação da cultura popular brasileira.
Esse desprestígio e desrespeito há de refletir, futuramente, até durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, quando a cultura das escolas de samba, por tudo que representam, seria um atrativo a mais a oferecer aos turistas nacionais e estrangeiros que, aos milhares, aqui aportarão.
Desculpe-nos este lamento, mas alguém deveria ouvir (um ombro amigo tinha de nos escutar) e, aí, escolhemos você”.
Assinam este manifesto Robson Farias de Souza, presidente da Acadêmicos da Asa Norte, e Jansen de Mello, da Diretoria de Relações Públicas.
Está dado o recado, com milhares e milhares de testemunhas: nossos leitores. Como podem ver, há esforço e material humano apto a desempenhar com propriedade tamanha responsabilidade, qual seja a de colocar na rua um carnaval decente, bonito, prestigiado e bem-sucedido.
É preciso, pois, vontade e firme propósito de corresponder a tamanha expectativa, não só dos responsáveis pelos desfiles, pelas escolas, como também dos órgãos aos quais estão vinculados, como a Secretaria de Turismo e demais orgãos competentes.
Que tal começarem a pensar nisso tudo? Discutir e decidir onde vão ser os desfiles?
Abrimos, aqui, uma enquete para saber a opinião dos leitores, que deverão sugerir qual o melhor local para a realização dos desfiles das escolas de samba. Mandem suas sugestões e palpites por e-mail para esta coluna. Enquanto ninguém ainda fala nisso, nós, guardiões de Brasília, vamos dar nossa colaboração.
O toque já foi dado. Ainda há tempo de preparar tudo da melhor maneira possível e fazer uma bela festa: bem organizada, bem remunerada, bem preparada.
Feliz e lindo carnaval para todos.
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