Origem da folia brasiliense teve inspiração no espírito carnavalesco do Rio de Janeiro, que continua com a força do samba
Primeiro desfile das escolas de samba em Brasília (foto: Arquivo CB/CB/D.A Press ) |
No chamado primeiro carnaval de Brasília, em 1961, a folia foi celebrada em bailes em clubes do Plano Piloto e na antiga Cidade Livre, o Núcleo Bandeirante, e com alguns solitários foliões nas ruas. “A folia de Momo existia desde antes da fundação de Brasília e inicialmente ocorria na Travessa Dom Bosco, na Cidade Livre. Depois é que as festas passaram a ser promovidas na Estação Rodoviária, no Teatro Nacional (ainda inacabado), no Hotel Nacional e em clubes como AABB, Iate, Motonáutica e Unidade de Vizinhança”, recorda-se o cantor e pioneiro Fernando Lopes, de 85 anos.
No ano seguinte, o carnaval de Brasília viu surgir a cadência e a evolução das escolas de samba, com a presença das agremiações Alvorada em Ritmos, Brasil Moreno, Unidos do Cruzeiro (que se tornou na Aruc), Nós Somos Candangos e Pioneiros em Brasília. Os desfiles, durante muitos anos, foram o ponto alto do carnaval brasiliense e também serviram como base para o fomento do samba em Brasília e a disseminação do ritmo também nos blocos de rua.
Concentra, mas não sai é um dos blocos que valoriza o samba (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press - 8/2/16) |
Legado que se renova
Há quatro anos, as escolas não desfilam em Brasília. Mas o samba, ritmo centenário que surgiu no Rio de Janeiro e se alastrou pelo restante do país, continua fazendo parte da folia brasiliense sendo o gênero de blocos de rua, como Concentra, mas não sai, Agoniza, mas não morre, Pipoka azul e Herdeiros do samba, além do pré-carnavalesco Bloco do Peleja.
Fundado em novembro de 2000 e com primeira edição em 2001, o Concentra, mas não sai chega aos 18 anos mantendo a tradição sambista. O grupo surgiu quando amigos que moravam na região da 404/405 Norte se reuniram antes de ir para os blocos tradicionais. Ao som de muita música, eles acabaram “se concentrando” e deixando de sair — daí o nome do bloco. “Cada um foi chegando com um instrumento e acabaram não saindo. Normalmente, a gente privilegia os músicos da região que tocam samba. Somos um bloco muito tradicional, por isso tem samba e marchinhas”, conta Dilson Rosa, um dos idealizadores.
Para Rosa, que está à frente do Concentra, mas não sai há quatro anos, o nosso quadradinho viveu uma mudança no carnaval nos últimos anos. “Brasília, que foi a capital do rock, passou a ser também uma cidade do carnaval de rua. Isso tem tudo a ver com a identidade da capital. Aquela lenda de que não tem carnaval na cidade acabou”, defende o organizador e também folião. Completando a maioridade, o bloco terá dois dias de evento, no sábado (dia 10) e na segunda-feira (dia 12) de carnaval, a partir das 15h, no espaço entre as quadras 404/405 Norte.
Inspirado em uma música homônima consagrada por Nelson Sargento, o bloco Agoniza, mas não morre nasceu há cinco anos. “Tivemos a ideia durante um bloco pré-carnavalesco e o samba foi escolhido porque todos nós temos a raiz no samba. Meu pai era músico, um dos fundadores do Clube do Choro, e o Marcos Osório e a Luana Loschi, que são os outros organizadores, também têm origem sambista”, conta Thais Leal.
Canções de Nelson Sargento, Cartola e Paulinho da Viola são parte do repertório que não pode faltar no bloco. Mas também há espaço para marchinhas e axé dos anos 1990, que são gêneros importantes para o carnaval. Neste ano, o bloco sai na entrequadra da 312/313 Sul e, no domingo, (dia 11), a partir das 14h.
Começo da união
Apesar de ter tido sua origem bastante ligada ao samba, com o passar dos anos o carnaval local foi ganhando mais ritmos e estilos. “Brasília é um caldeirão da folia, onde cabe tudo. É a terra do samba, do frevo, do axé, do rock, do maracatu”, analisa Moacyr Oliveira, o Moa, presidente da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc).
O Pacotão ocupou as ruas na primeira vez com ajuda da então escola Unidos do Cruzeiro (foto: Jefferson Pinheiro/CB/D.A Press - 10/2/91) |
Moa, antes de se tornar presidente da agremiação, esteve no grupo de fundadores do bloco Pacotão, que completa 40 anos da criação neste carnaval. A origem do grupo, que é tradicional por tocar apenas marchinhas, tem relação com a Unidos do Cruzeiro, agora Aruc. “Quando fomos fundar o Pacotão, nós procuramos a Aruc, que deu seu apoio. O primeiro cartaz do desfile dizia assim: o Pacotão e a Unidos do Cruzeiro convidam o povo para adentrar a avenida. Sempre trabalhamos juntos”, completa Moa.
Neste ano, o Pacotão sai às ruas no domingo (dia 11) e na terça (13), às 14h, na 302 Norte. A marchinha oficial é a canção Presidente despirocado. A música de Maria Sabina, Assis Aderaldo e Sóter faz piada com o atual presidente, Michel Temer.
Qual é o melhor de Brasília?
Em mais um ano, o Correio Braziliense premia os destaques da folia candanga com o Troféu #CBfolia2018, com o patrocínio do Big Box. Na primeira edição, Galinho de Brasília, Baratona e Suvaco da Asa receberam o prêmio por terem sido os blocos mais votados pelos leitores e o Babydoll de Nylon recebeu o troféu concedido por uma comissão julgadora do Correio. No segundo ano, a premiação foi para os blocos Babydoll de Nylon, Eduardo e Mônica e Raparigueiros, com menção honrosa ao Divinas Tetas. O prêmio de 2018 contará com uma enquete popular e uma comissão julgadora para eleger os quatro melhores blocos do carnaval de Brasília. A votação on-line é de 10 a 14 de fevereiro pelo site
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