A diretoria da ARUC vem, por meio desta Nota Oficial, manifestar seu mais veemente repúdio à proposta apresentada pelo deputado Júlio César Ribeiro (PRB), líder do governo na Câmara Legislativa, em um aparte ao pronunciamento do deputado Agaciel Maia, na última quarta-feira (04/11), de vender a área ocupada pela ARUC para fazer caixa para o GDF.
O aparte do deputado, que se diz um entusiasta do esporte no DF, mostra o seu total desconhecimento da história da ARUC no samba, no esporte e na cultura de nossa cidade, que valeram à ARUC o registro como Patrimônio Cultural Imaterial do DF.
Desconhecimento do trabalho esportivo realizado pela ARUC, nesses 54 anos, de suas equipes, campeãs em várias modalidades esportivas, de seus projetos sociais, muitos deles desenvolvidos em parceria com o GDF e o governo federal.
Desconhecimento do trabalho cultural e comunitário desenvolvido pela ARUC, com cursos de capacitação profissional, entre outros.
Desconhecimento, enfim, da história da ARUC que nesses 54 anos sempre lutou pelo samba, pelo esporte e pela cultura no Cruzeiro e no DF.
No seu aparte, o deputado lembra da notificação para que a ARUC desocupasse a área, feita recentemente pela então Secretária de Esportes, Leila Barros, e, desinformado ou de má fé, diz que foi um pedido da Procuradoria do DF. Isso não é verdade. Em nenhuma linha de seus Pareceres a Procuradoria faz essa recomendação. Tanto que a Secretária Leila Barros reconheceu o erro cometido e um dia depois tornou sem efeito tal notificação.
Além de mostrar desconhecimento da história da ARUC, e portanto da própria cidade, a proposta indecorosa do deputado é um desrespeito à nossa entidade, ao se referir de forma equivocada e ofensiva à área que ocupamos desde 1974. Ao dizer que é uma área gigantesca que está ociosa, largada, o deputado desconhece todas as benfeitorias que foram feitas pela ARUC naquela área, ao longo desses anos, e desconhece que a não renovação do contrato de ocupação, vencido em 1993, é que impede a ARUC de continuar promovendo benfeitorias na área e realizando mais projetos culturais, esportivos, sociais e comunitários em benefício dos moradores do Cruzeiro.
A proposta indecorosa do deputado Júlio César, não é uma ofensa apenas à ARUC, Patrimônio Cultural Imaterial do DF, à sua história de 54 anos e à comunidade do Cruzeiro, mas a todos os que fazem cultura nessa cidade. Hoje o alvo é a ARUC, amanhã pode ser qualquer outra entidade.
Além disso, a proposta do deputado representa uma grave ameaça ao tombamento de Brasília, na medida em que desconhece que a área ocupada pela ARUC integra o perímetro tombado pela Unesco e destina-se exclusivamente a Clube de Vizinhança. Ao propor a venda da área, na verdade o deputado acena com a mudança de destinação do espaço, o que contraria o tombamento de Brasília e abre uma perigosa brecha para a especulação imobiliária.
Esperamos que o governador Rodrigo Rollemberg, que conhece e respeita a história da ARUC, e se comprometeu a buscar uma solução legal para regularizar a situação da ARUC, desautorize publicamente o seu líder na Câmara Legislativa, por essa proposta absurda, ofensiva e indecorosa.
Brasília, 9 de novembro de 2015
A DIRETORIA