Por Mayara Subtil, Correio Braziliense de 11/01/2017
A crise dos desfiles das escolas de samba do Distrito Federal se arrasta há quatro anos. Apesar da falta de previsão de investimento do governo, organizadores acreditam em um retorno das apresentações de rua
Há quatro anos, Brasília não vive as tradicionais histórias de samba contadas na avenida. Os enfeites dos carros alegóricos deram lugar à ferrugem. Momentos como a correria pela fantasia e o ensaio para que a música e o ritmo estejam na ponta da língua — e do pé — foram trocados por pó, silêncio e incertezas. Mesmo assim, as escolas de samba do Distrito Federal fazem o possível para que as portas continuem abertas.
Para a folia de 2018, o governo apoiou uma apresentação de seis agremiações do grupo especial em evento exclusivo. A atividade ocorrerá em 2 de fevereiro, no gramado entre a Torre de TV e a Fundação Nacional de Arte (Funarte). Além disso, a festa contará com a presença de outras duas atrações, em fase de contratação.
Crise parecida aconteceu entre 1994 e 1995. Porém, essa é a primeira vez que a cidade não conta com desfiles por tantos anos consecutivos. “Isso fere a alma da escola, sendo que a satisfação maior é trabalhar duro por um ano para entrar na avenida”, afirma o presidente da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), Moacyr Oliveira, o Moa.
A última vez que houve investimento destinado ao carnaval brasiliense foi em 2014. No total, as escolas receberam mais de R$ 5 milhões para a festa (veja Verbas). Além da falta de investimento, as escolas devem mais de R$ 2,5 milhões aos fornecedores que auxiliaram no desfile de 2015, que não foi realizado. Hoje, Brasília conta com 21 agremiações filiadas à União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Brasília (Uniesb).
O presidente da Uniesb, Geomar Leite, o Pará, acredita que a situação pode melhorar. “Em quatro anos de governo, são quatro anos sem desfiles. Não vi nem mesmo um repasse. Em 40 anos de carnaval brasiliense, isso nunca aconteceu”, frisou. “Enquanto tiver samba, o carnaval está vivo. Temos essa luta de manter uma cultura popular, que é patrimônio cultural brasileiro. E o Estado precisa garantir isso”, completou.
A garantia vem da Lei nº 4.738/2011. O decreto institui o carnaval como evento oficial do DF e menciona, ainda, que precisa ser “organizado, gerido e apoiado financeiramente pela Secretaria de Estado de Cultura do DF”. A legislação ressalta, inclusive, que os desfiles das escolas de samba, assim como os blocos de enredo e carnavalescos tradicionais, são garantidos graças ao orçamento da capital.
A Secretaria de Cultura informou, em nota, que custear os desfiles tem sido insustentável para o governo. Com os cofres públicos no vermelho, o Executivo local não tem como arcar com o evento. Porém, apoia a volta da programação carnavalesca e “estuda meios de as agremiações captarem recursos ao longo de todo o ano, com eventos, oficinas e parcerias com a iniciativa privada”.
A última vez que houve investimento destinado ao carnaval brasiliense foi em 2014. No total, as escolas receberam mais de R$ 5 milhões para a festa (veja Verbas). Além da falta de investimento, as escolas devem mais de R$ 2,5 milhões aos fornecedores que auxiliaram no desfile de 2015, que não foi realizado. Hoje, Brasília conta com 21 agremiações filiadas à União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Brasília (Uniesb).
O presidente da Uniesb, Geomar Leite, o Pará, acredita que a situação pode melhorar. “Em quatro anos de governo, são quatro anos sem desfiles. Não vi nem mesmo um repasse. Em 40 anos de carnaval brasiliense, isso nunca aconteceu”, frisou. “Enquanto tiver samba, o carnaval está vivo. Temos essa luta de manter uma cultura popular, que é patrimônio cultural brasileiro. E o Estado precisa garantir isso”, completou.
A garantia vem da Lei nº 4.738/2011. O decreto institui o carnaval como evento oficial do DF e menciona, ainda, que precisa ser “organizado, gerido e apoiado financeiramente pela Secretaria de Estado de Cultura do DF”. A legislação ressalta, inclusive, que os desfiles das escolas de samba, assim como os blocos de enredo e carnavalescos tradicionais, são garantidos graças ao orçamento da capital.
A Secretaria de Cultura informou, em nota, que custear os desfiles tem sido insustentável para o governo. Com os cofres públicos no vermelho, o Executivo local não tem como arcar com o evento. Porém, apoia a volta da programação carnavalesca e “estuda meios de as agremiações captarem recursos ao longo de todo o ano, com eventos, oficinas e parcerias com a iniciativa privada”.
A secretária adjunta de Cultura, Nanan Catalão, explicou que o problema maior é a falta de proposta para a contratação da empresa que cuidará da festa. “Recebemos apenas uma e insuficiente”, disse. Segundo ela, o auxílio privado é bem-vindo. “Porém, é mais importante ainda que as empresas venham com propostas relevantes, bem como justo com o ganho privado de publicidade, isso em relação ao valor que esteja disposto a investir”, concluiu.
Recomeço
Nesse tempo, a Aruc, que completa 57 anos em 2018, tenta se manter em atividade. Moacyr Oliveira, no quinto mandato à frente do grupo, diz que depender apenas de verbas públicas não adianta. É preciso formar um novo modelo de carnaval. “Vi isso tudo sair do papel, tudo ser construído. Mas, assim como o mundo, o carnaval necessita se reinventar. Por conta desse tempo sem samba, não tem como voltar aos velhos tempos. É um recomeço”, avaliou.
Os quatro espaços da Aruc — galpão de ensaio, confecção de carros alegóricos, lazer e eventos —, distribuídos em uma área de 32 mil metros, estão vazios. “Nessa época, estaríamos correndo com os preparativos. Hoje, nem fantasias temos para contar história, mas quero que o samba volte”, ressaltou Moa. Para os desfiles, a escola contava com uma equipe de mais de mil pessoas, entre costureiras, músicos, coreógrafos e desenhistas. Hoje, há 50.
Por causa disso, a Aruc mantém parceria com blocos de rua. Neste ano, o grupo do Cruzeiro desfilará com o Suvaco da Asa, as Virgens da Asa Norte e o Fio Desencapado. “Não é pela crise. Essa polêmica de que carnaval em Brasília é só bloco não existe. Os organizadores que nos procuraram. E a parceria vai continuar”, reforçou Moacyr. A Aruc também se prepara para se apresentar no evento organizado pelo governo.
Outra tradicional escola de samba que marcará presença na Torre de TV em 2 de fevereiro é a Acadêmicos da Asa Norte, que faz a alegria dos brasilienses há 49 anos. Entre 2012 e 2014, sagrou-se tricampeã da folia candanga. Porém, o presidente da agremiação, Jansen Melo, está preocupado com o futuro das escolas brasilienses. “Nem o GDF em si, muito menos a Secretaria de Cultura, nos deram mais atenção”, reclamou. “Contratamos muita gente. Tínhamos até uma equipe de costureiras que cuidavam das fantasias na Estrutural. Hoje, dependemos de eventos que não suprem as necessidades”, lamentou.
Os quatro espaços da Aruc — galpão de ensaio, confecção de carros alegóricos, lazer e eventos —, distribuídos em uma área de 32 mil metros, estão vazios. “Nessa época, estaríamos correndo com os preparativos. Hoje, nem fantasias temos para contar história, mas quero que o samba volte”, ressaltou Moa. Para os desfiles, a escola contava com uma equipe de mais de mil pessoas, entre costureiras, músicos, coreógrafos e desenhistas. Hoje, há 50.
Por causa disso, a Aruc mantém parceria com blocos de rua. Neste ano, o grupo do Cruzeiro desfilará com o Suvaco da Asa, as Virgens da Asa Norte e o Fio Desencapado. “Não é pela crise. Essa polêmica de que carnaval em Brasília é só bloco não existe. Os organizadores que nos procuraram. E a parceria vai continuar”, reforçou Moacyr. A Aruc também se prepara para se apresentar no evento organizado pelo governo.
Outra tradicional escola de samba que marcará presença na Torre de TV em 2 de fevereiro é a Acadêmicos da Asa Norte, que faz a alegria dos brasilienses há 49 anos. Entre 2012 e 2014, sagrou-se tricampeã da folia candanga. Porém, o presidente da agremiação, Jansen Melo, está preocupado com o futuro das escolas brasilienses. “Nem o GDF em si, muito menos a Secretaria de Cultura, nos deram mais atenção”, reclamou. “Contratamos muita gente. Tínhamos até uma equipe de costureiras que cuidavam das fantasias na Estrutural. Hoje, dependemos de eventos que não suprem as necessidades”, lamentou.
Desfile
As seis escolas tradicionais que se apresentarão são: Acadêmicos da Asa Norte, Águia Imperial de Ceilândia, Aruc do Cruzeiro, Bola Preta de Sobradinho, Império do Guará e Unidos da Vila Planalto/Lago Sul. A escolha das escolas foi feita pelo Governo do Distrito Federal. O motivo de ter apenas seis escolas, segundo o Executivo local, é o limite de verba.
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