Existem agremiações com dívidas de R$ 250 mil. Parte do material e da mão de obra veio de São Paulo e do Rio
por Kelly Almeida , Roberta Pinheiro do Correio Braziliense, 17/02/2015.Maior do que a decepção em não realizar um carnaval é a preocupação de que a crescente cultura dos desfiles em Brasília morra. Desde o ano passado, os barracões das agremiações funcionavam a todo vapor. Fantasias, carros alegóricos, sambas-enredo. Tudo preparado para entrar na avenida e tentar buscar o título de campeã ou subir para o grupo especial. O sonho, porém, foi interrompido quando o Governo do Distrito Federal (GDF), alegando crise financeira, cancelou os eventos oficiais da festa. Sem desfiles, restou o prejuízo. A União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do DF (Uniesbe) estima que o valor chegue a R$ 2 milhões. O governo diz que estuda uma solução.
Fantasias da Aruc estocadas: escola havia investido R$ 100 mil e sairia com 1 mil componentes |
A agremiação desfilaria com 600 componentes e viria com o tema “Ópera Africana e Brasileira — O canto da maioria silenciado”. Agora, resta aos organizadores guardar o material. Por enquanto, está tudo acumulado na Casa da Cultura, no Guará. “O material de algumas escolas está lá. Vamos dar um jeito de guardar tudo o que foi feito com a promessa de usar o ano que vem”, explica Marcelo Marques. “A situação é de desespero total. As diretorias estão deprimidas com o processo. Vamos ter que fazer rifas e bingos para tentar arcar com o prejuízo”, complementa Alaídes Rodrigues de Sousa, presidente de honra da Aruremas, do Recanto das Emas. A agremiação gastou R$ 62 mil. “Vínhamos para disputar o carnaval e melhoramos todo o material. Desfilaríamos com 862 pessoas e faríamos homenagem a Lampião e Maria Bonita.”
Este ano, a maior campeã do carnaval brasiliense, a Aruc, homenagearia a companhia de teatro Os Melhores do Mundo, que completa 20 anos em 2015. Havia investido R$ 100 mil e sairia com 1 mil componentes. Parte do material ficará guardado, mas a presidência afirma que uma parte acaba se destruindo com o tempo. “O maior prejuízo é institucional, uma vez que a não realização do carnaval quebra a sequência de bons desfiles que as escolas vinham fazendo, e isso é muito difícil de recuperar. É um trabalho de anos do grupo especial”, lamenta Hélio Santos, presidente do conselho de administração. “A gente luta agora para garantir o carnaval de 2016, senão, será decretado o fim das escolas de samba de Brasília.”
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